Start-Up Chile: o que aprendemos com esta aceleradora pública

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Start-Up Chile: o que aprendemos com esta aceleradora pública

Com mais de 70 mil dólares investidos por empresa e um grande impacto na mentalidade da população, o Start-Up Chile é, hoje, um dos maiores — senão o maior — programas de startups da América do Sul.

E para entender melhor os motivos que levaram o programa a ser esse sucesso (e também aprender com ele), resolvemos estudar de perto o que os chilenos tem feito, quais resultados o Start-Up Chile já apresentou e, claro, como o Valin — Vale dos Inconfidentes pode fazer o mesmo para a região histórica de Minas.

Mas, primeiro, nada melhor do que saber um pouco mais sobre como surgiu essa ideia do lado de lá da cordilheira dos Andes.

O que é o Start-Up Chile

De acordo com o próprio site do programa, o Start-Up Chile é uma aceleradora pública de startups criada pelo governo chileno para impulsionar os resultados de empreendedores de alto potencial interessados em usar o país como base de seus negócios.

Criado em 2010, pelo ministério da economia em parceria com a CORFO, a Agência governamental de fomento à economia e ao turismo chileno, o Start-Up Chile (SUP) é hoje uma das 10 maiores aceleradoras públicas do mundo, já tendo servido de exemplo para mais de 50 países após a sua criação.

Em 2016, os objetivos do SUP foram aprimorados e o programa se tornou ainda mais ambicioso, visando a garantia de que o Chile continue sendo um centro mundial de inovação tecnológica, conhecido como impulsionador de empresas inovadoras que impactam positivamente a economia nacional.

O Estado empreendedor chileno

Apesar de ser um país neoliberal — e enfrentar diversos problemas vindos das reformas implementadas pelos economistas da Escola de Chicago há 40 anos — o histórico, por parte do Estado, do uso da tecnologia como ferramenta indutora para a qualidade de vida da população é algo a se observar no Chile.

Ainda no começo da década de 70, o projeto Cybersyn, idealizado pelo então presidente Salvador Allende,  buscou otimizar o planejamento econômico nacional através de uma rede de máquinas de teletipo (máquinas de escrever eletromecânicas usadas para transmissão de dados) que se intercomunicavam às fábricas a um centro de computação em Santiago, que controlava todo o maquinário por meio de princípios da cibernética.

Agora, 4 décadas depois da tentativa de uso do Cybersyn, o governo chileno continua deixando bem clara a sua veia de Estado empreendedor ao servir de fomentador da inovação pela grande comunidade de inovação do Start-Up Chile, investindo em empresas antes mesmo delas serem validadas pelo mercado. Algo já apontado como sendo de suma importância por nomes como os da italiana Mariana Mazzucato e da brasileira Laura Carvalho.

As ofertas e resultados do programa

Todos os anos, mais de 200 empresas buscam alguma forma de entrada no Start-Up Chile, sendo ou não daquele país. E não é por acaso que tem tanta gente querendo participar do programa.

  • Por ano, 60 startups são selecionadas para receber aportes de até 19 mil dólares, mesmo não tendo um protótipo em mãos;
  • As 30 empresas selecionadas para irem à segunda etapa do programa, etapa essa que inclui MVP e validação, recebem um aporte ainda maior, de cerca de 63 mil dólares;
  • Na reta final, as 15 startups selecionadas recebem até 95 mil dólares para escalar seus produtos e serviços.

Além de tudo isso, o programa também oferece pré-aceleração para as startups, desde que 50% das fundadoras sejam mulheres, espaço de cowork, ferramentas gratuitas nas plataformas AWS,  HubSpot,  Google e  Microsoft, além do acesso à um gigantesco network global.

Voltando para os resultados em números, até a criação deste post, 1.960 startups haviam passado pelo SUP, gerando um total de 2,1 bilhões de dólares em avaliação geral de mercado.

Já nos resultados não observados em números, o Start-Up Chile forneceu as ferramentas para mudar a mentalidade chilena, impactando mais de 300 mil chilenos, seja com as mentorias, seja através dos eventos da comunidade.

SEED: a versão mineira do Start-Up Chile

Aqui em Minas nós também contamos com uma versão do programa chileno: é o Seed – Startups and Entrepreneurship Ecosystem Development, criado em 2013 para ser o programa de aceleração de startups do mundo todo que queiram desenvolver seus negócios no estado.

Nós, do Valin — Vale dos Inconfidentes, conversamos com Thales Luan, Diretor de fomento ao ecossistema de inovação de MG, e um dos responsáveis pelo programa de startups, durante do Valin Week 2021. Neste papo, Thales falou mais sobre as experiências do SEED em território mineiro, e como o governo do estado tem olhado para a cidades do interior em busca de inovação.

Pensando pelo lado da região histórica de Minas, ainda que Ouro Preto tenha hoje uma das comunidades de inovação mais promissoras de Minas, faltam programas locais, como o do Start-Up Chile, uma vez que apenas criar leis de incentivo já se mostrou ser pouco para atrair e manter o empreendedor de inovação na cidade

Fora o incentivo financeiro, programas como estes costumam ser atrelados à melhorias de infraestrutura da cidade, criando ambientes mais amplos para atrair e manter negócios criativos.

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