Liga da Inovação: o projeto de educação empreendedora do Valin

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Liga da Inovação: o projeto de educação empreendedora do Valin

Imagine uma startup. Ela não precisa existir de verdade, pode ser aquela da sua cabeça mesmo (o novo uber de alguma coisa, por exemplo). Imaginou aí? Agora mentalize a cara da galera que trabalha nessa startup. Tire uma foto mental da turma toda. Tirou? Bem… eu acredito que provavelmente nessa foto tinha um monte de homem branco, meio com cara de classe média alta, certo? Pois então: essa é a cara da maioria das startups.

De acordo com uma pesquisa publicada no Valor em agosto deste ano, 98% dos fundadores de startups brasileiras são considerados do gênero masculino, cerca de um terço deles tem mais de 30 anos e a maioria esmagadora tem pelo menos o diploma de graduação (em boa parte dos casos, o de engenharia). Além disso, outro dado importante da pesquisa é o que aponta que 8,7 anos é o tempo de experiência profissional da média dos fundadores antes de iniciar a sua startup.

Com tudo isso em mente, fica complicado imaginar que algum estudante vindo da rede pública tenha alguma chance de figurar na frente de alguma empresa de inovação assim que terminar o ensino médio (principalmente se for mulher). O que explica bastante sobre porque o Brasil é um país menos inovador do que se costuma imaginar.

O cenário da inovação no Brasil

Segundo o Índice Global de Inovação (IGI), publicado anualmente pela Universidade Cornell, em 2019, dos 129 países analisados, o Brasil ocupava a posição 66º como mais inovador do mundo. Deste lugar do ranking é possível ver nomes como Chile (51º), Costa Rica (55º) e México (56º) lá na frente, provando que ter a maior economia da região não quer dizer nada na hora de inovar. 

E por que diabos a gente não consegue inovar? 

Segundo o Fórum Econômico Mundial, porque ainda precisamos promover maior integração, aumentar o acesso ao mercado, facilitar o comércio e melhorar a infraestrutura para exportação e importação. E isso sem falar que apenas 20% da verba de pesquisa do país vem das empresas. A maior parte do montante de P&D vem daquele tão quebrado Estado que conhecemos. 


E aí, se o Estado hoje mal tem grana (e capacidade) para investir na pesquisa e inovação do ensino superior, o que dizer do ensino básico e médio? Como esperar uma maior diversidade — item importantíssimo para a receita de criatividade de qualquer empresa — na frente de startups, se o público que compõe a sua base vem sempre dos mesmos lugares e é quase sempre o mesmo?  

O projeto Liga da Inovação

De olho nesse problema, nós, aqui do Valin, criamos o projeto Liga da Inovação.

Misturando metodologias utilizadas no Google (como o Design Sprint) e outras observadas em eventos como hackathons e os Startup Weekend, da Techstars, criamos um modelo de ensino que busca fomentar o empreendedorismo e a inovação para times de alunos da rede pública de Mariana e Ouro Preto. A ideia é que, com a Liga, seja em um período curto (uma semana) ou mais longo de tempo (um semestre), os alunos consigam não apenas tirar alguma ideia do papel, como também validar e solucionar problemas da cidade.  

Sociedade primeiro, mercado depois

Para participar da Liga da Inovação, pedimos para que os alunos interessados pensem em respostas para problemas reais da comunidade, de preferência com soluções de inovação de código-aberto (que possam ser replicadas em outros lugares).

Com isso é possível:

  • Pesquisar sobre problemas mais próximos ao do cotidiano da população
  • Facilitar a validação de um problema ou solução
  • Pensar em um tipo de inovação desmercantilizada
  • Verificar de forma mais simples o impacto da solução
  • Encontrar apoio e suporte para a produção das soluções    

Primeiros resultados da Liga da Inovação

Como resultado da Liga da Inovação, no mês de agosto, em sua primeira edição, o projeto contou com as apresentações de ideias dos alunos do 2º e do 3º ano da Escola Estadual Dom Silvério que proporcionassem mais qualidade de vida aos cidadãos marianenses. Os times com as 3 melhores ideias ganhariam ingressos para o Startup Weekend Mariana.

Alguns destes alunos que tiveram suas ideias premiadas, também acabaram fazendo parte do time vencedor da edição do Startup Weekend na região, como pode ser visto em uma edição do jornal local O Espeto

Ao apresentar alguns conceitos de inovação e empreendedorismo para alunos do ensino médio da rede pública, o projeto Liga da Inovação busca apresentar um novo futuro profissional e econômico para essas pessoas (ainda bastante dependentes da mineração na região). Além disso, buscamos aproxima-las do cenário de produção tecnológica, mais conhecido pelos estudantes de escolas particulares ou graduação.

Por fim, com a Liga da Inovação, nós, do Valin, pretendemos impactar na fotografia base das startups e empresas inovadoras do Estado, mostrando e provando como que a diversidade — e o interesse no bem-estar da sociedade sendo colocado acima do retorno do capital — pode mexer no potencial de inovação um lugar. 

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